A chave fusível é um equipamento amplamente utilizado na proteção contra sobrecorrentes em redes de distribuição por serem simples em sua operação e de baixo custo. O seu funcionamento consiste em um elo fusível que, na passagem de uma corrente elétrica elevada, funde-se em um intervalo de tempo dependente a uma razão inversa da corrente, provocando a abertura da chave fusível e o seccionamento do circuito. Os elos fusíveis abordados neste trabalho são os elos preferenciais 6K, 10K, 15K, 25K, 40K e 65K, que possuem duas curvas: mínima fusão e interrupção total. Cada uma delimita os limites máximo e mínimo de tempo de extinção do arco voltaico para uma mesma corrente. Por exemplo, ao multiplicarmos a curva de mínima fusão do elo fusível de 15K por um fator de compensação padrão de 0,75 e verificarmos a interseção com a curva de interrupção total do elo fusível de 10K, poderá haver um ponto em que as curvas se interceptam. A corrente correspondente a este ponto é conhecida como a corrente máxima de seletividade entre os dois elos fusíveis. Para correntes superiores, pode ser que o elo fusível de 15K seja mais rápido do que o de 10K, invalidando a utilização destes. O objetivo deste trabalho é demonstrar que as correntes máximas para a seletividade entre elos fusíveis preferenciais publicadas pela RGE não estão corretas, o que pode levar a erros de projeto. Realizando uma análise nas curvas disponibilizadas por diferentes fabricantes, constatou-se que as curvas dos elos fusíveis do fabricante COOPER, utilizados mundialmente, diferem das curvas dos fabricantes utilizados pela RGE. A consequência disso é a diferença das correntes máximas para a seletividade entre os elos fusíveis de diferentes fabricantes. Além disso, o GED-2912 – documento técnico da CPFL/RGE com os critérios técnicos para o ajuste das proteções de redes de distribuição – apresenta uma tabela com os valores de corrente máxima para a seletividade entre os elos fusíveis do tipo K. A partir dos estudos realizados, observou-se que as correntes dessa tabela não correspondem aos valores das correntes obtidas pelo cruzamento das curvas dos elos fusíveis que a concessionária utiliza. Neste trabalho, as curvas de cada elo fusível foram levantadas em uma quantidade de aproximadamente 60 pontos utilizando o programa WebPlotDigitizer. Essa quantidade foi considerada suficiente para não provocar erros significativos para os pontos intermediários, determinados pela equação da reta que liga os pontos imediatamente anterior e posterior no eixo das abscissas. Também, o MATLAB foi utilizado para plotar as curvas dos elos fusíveis e determinar as correntes máximas de seletividade. Os resultados deste trabalho apontam que em estudos de proteção é importante que se trabalhe diretamente com as curvas dos elos fusíveis, e não com tabelas de seletividade, pois estas últimas só têm validade para um único fabricante. Também, a sequência deste trabalho é informar os resultados obtidos para a concessionária.