O presente trabalho é parte do projeto de pesquisa intitulado “Diretas Já: a Campanha nas páginas do Jornal Zero Hora”. Desde o início do Regime Militar, implantado no Brasil no ano de 1964, muitas empresas jornalísticas alinharam-se ideologicamente ao governo. Essa posição se modificou, em muitos casos, com a crise econômica que assolou o país no final da década de 1970, após a euforia gerada pelo milagre econômico, e a pressão para que o governo promovesse a abertura política. Dessa forma, o projeto tem como objetivo compreender a forma com que a mídia regional tratou as manifestações em apoio às eleições diretas no Rio Grande do Sul, além de examinar os atores sociais envolvidos nas manifestações favoráveis e contrárias à proposta de eleição direta. Por fim, pretende-se contribuir com as pesquisas históricas relacionadas ao fim da ditadura militar no Brasil, e a forma com que esse acontecimento foi tratado no cenário do Sul do país. Para atingir esse fim, a primeira etapa do estudo, realizada de 2016 até o presente ano, consistiu na organização dos documentos, artigos e textos do Jornal Zero Hora, principal periódico do Rio Grande do Sul. Os documentos utilizados na pesquisa foram fotografados do acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, em Porto Alegre, no ano de 2015. Os recortes utilizados na pesquisa pertencem ao intervalo de tempo do início de 1983 até abril de 1984, quando a emenda que retornava as eleições diretas, de autoria do deputado Dante de Oliveira, foi votada no Congresso Nacional. Tendo em vista a grande quantidade de materiais disponíveis, optou-se pela análise dos editoriais veiculados no jornal que tratavam a respeito da temática da pesquisa, ou seja, as eleições diretas e a abertura política. Em paralelo com a análise documental, são realizadas reuniões de estudo para melhor compreensão do período histórico relativo ao projeto. O exame dos editoriais, que ainda encontra-se em andamento, vem apontando que o jornal posicionou-se diante do cenário político-social da época, no contexto da abertura política que se anunciava no início da década de 1980 e do movimento pelas eleições diretas para escolha do novo presidente da República, de forma conciliatória, ou seja, defendendo o entendimento, o consenso entre os grupos pró-Governo e pró-Diretas. Entretanto, cabe ressaltar que a análise dos documentos ainda está em andamento, sendo possível chegar a novas conclusões sobre o estudo.