A campanha das Diretas Já mobilizou uma parte dos brasileiros que queriam votar para presidente civil, insatisfeitos com o regime civil-militar. Os brasileiros viam na votação para presidente o retorno da democracia e o fim dos escândalos de corrupção e má administração na economia, ainda mais com as exigências do Fundo Monetário Internacional, tendo aumento da inflação. A mobilização popular deu-se através de manifestações públicas, as quais ocorreram em diversos estados. Ocorrida entre os anos de 1983 a 1984, o tema da campanha das Diretas Já vincula-se, no âmbito da historiografia, à História do Tempo Presente, pela presença de testemunhas vivas e pela proximidade com o tempo vivido pelo historiador. O material analisado consiste em colunas produzidas pela jornalista Ana Amélia Lemos no intervalo abril de 1983 a abril de 1984 finalizando com a votação da Emenda Dante de Oliveira e sua derrota. O meio no qual eram publicadas as colunas era o jornal Zero Hora com maior circulação no estado do RS no período analisado. A colunista caracterizava-se por estar inserida no dia a dia do Congresso Nacional em Brasília e escrever sobre movimentação de presidenciáveis, acordos políticos, recepção da campanha das diretas, além de outros temas emergentes. O objetivo geral da pesquisa é analisar a cobertura da Campanha Diretas Já, e consequentemente, do processo de redemocratização do país, feito pelo jornal Zero Hora, por meio da página diária da jornalista Ana Amélia Lemos. Como objetivos específicos elencamos verificar se o discurso do jornal é próximo ao da jornalista, analisar o contexto político e social do final da ditadura civil-militar, examinar os atores envolvidos nas manifestações favoráveis e contrárias à proposta de eleição direta, e contribuir para as pesquisas de redemocratização do país especialmente no contexto do sul do Brasil. Destaca-se entre os resultados da pesquisa a atenção da jornalista a outros assuntos, tais como o acordo entre PDS e PDT, que foi importante dada a vantagem do governo no congresso e como o cronograma de possíveis candidatos à presidência pelo PDS, mais do que os espaços reservados aos comícios em prol da campanha, não mencionando o ocorrido em Porto Alegre no dia da votação. Além disso, destaca-se a atenção ao governador do Rio de Janeiro à época, Leonel Brizola e suas falas sobre o contexto político e a invisibilidade das falas do presidente do PT e do deputado Ulysses Guimarães. Destaca-se também a compatibilidade entre o discurso do jornal e os escritos da jornalista. Portanto, contribui-se para as pesquisas de redemocratização no sul do Brasil.